Há muitos anos escuta-se falar que no
município de Picuí localizado no interior da Paraíba, em um lugar denominado
“saco do inferninho” distante aproximadamente 20 km da sede do município,
existe um vulcão “adormecido”, esta história percorre a cidade e região, atualmente
o local passou a ser visitado por estudantes, pesquisadores, e pela população
local, que buscam uma resposta para tal fato, um vulcão tecnicamente
falando é uma estrutura geológica em terra ou no mar, por onde extravasa o
magma (material em estado de fusão que existe abaixo da superfície terrestre) e
que ao chegar na superfície leva o nome de lava, resfriandoquando chega na
superfície da Terra. Esse material "petrificado" damos o nome de
rocha vulcânica (um tipo de rocha ígnea).
O
exemplo mais comum é o basalto. Pelo fato de existir no local (saco do
inferninho) rochas vulcânicas (basaltos) algumas pessoas caracterizam esse
local como um vulcão. Porém após ser indagado por algumas pessoas sobre o
assunto comecei a ler sobre o fato e procurei alguns amigos meus, que já
desenvolveram algumas pesquisas no local, após isto pude me
preparar para escrever minha opiniãoà acerca do “Vulcão Saco do
Inferninho” como é conhecido.
Em conversa
com o geólogo e professor da UFRN, Marcos Nascimento ainda não podemos
afirmar que se trata de um vulcão que entrou em erupção ou mesmo suas rochas se
formaram sob a forma de um derrame, como os basaltos do Paraná. O que realmente
pode ter ocorrido no local foi uma abertura de espaço por meio de fraturas na
crosta terrestre, por onde o magma subiu até a superfície e literalmente
"derramou", mas não necessariamente como um vulcão. São na
verdade rochas basálticas com idade em torno de 25 milhões de anos atrás (a
exemplo do Pico do Cabugi, no RN). Porém, devemos lembrar que nem sempre é
necessário ter um vulcão para gerar rochas vulcânicas.
Já para
o pesquisador, geógrafo e professor da UFPB, Leonardo Figueiredo “quando
falamos em vulcão, lembramos logo de uma forma típica cônica gerada pela
deformação da crosta quando do extravasamento do magma. Essa forma pode ainda
ser originada pela deposição de camadas sucessivas de magma que vão se
sobrepondo e aumentando a declividade na medida em que o cone vai ganhando
altura. Avaliando as fotos do local conhecido como Saco do Inferninho, sou
levado a concordar com os pesquisadores que sugerem que ali pode ter ocorrido
ao invés de um vulcanismo explosivo, apenas um derrame de magma básico,
originando os depósitos de basalto ali identificados. Aparentemente também não
são ali identificadas estruturas remanescentes (neck, por exemplo) de
vulcões extintos e “vítimas” dos processos erosivos, o que corrobora com a
ideia de um derrame basáltico. Sobre possibilidades de reativação, talvez fosse
o ponto a ser estudado, mas também acho um tanto remota essa possibilidade,
dada a estabilidade geológica que nossa região apresenta há alguns milhões de
anos já.
Antonio
de Pádua Sobrinho |
Fica a
pergunta mito ou verdade sobre a existência do vulcão? Estudos futuros com
certeza comprovarão tal fato, enquanto isto o local continua sendo mais um
ponto geoturístico da cidade de Picuí, formado por uma montanha de
geometria cônica, com o topo povoado pela vegetação de caatinga, propício para
o turismo, onde o visitante pode descansar enquanto observa os vales e
elevações da região, devendo tornar-se uma das atrações turísticas mais
apreciadas do Seridó paraibano.
Fotos:
Equipe Trilhas na Caatinga Picuí-PB
Texto: Antônio de Pádua Sobrinho-Técnico em Mineração
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